Após minha saída do ICEIA, e ao longo da minha caminhada profissional, vez por outra encontro ex- colegas, que no período do curso apresentavam discursos progressistas eram questionadores mas, que optaram por uma prática inteiramente conservadora, tais profissionais têm sedimentado internamente a crença de que se o que está fazendo se assemelha com a forma como ele próprio aprendeu quando criança, e que deu “certo,” não precisa ser mudado. O que fizeram no período do curso, foi aderir aos discursos da “moda” como forma de estar dentro do “padrões.” de aceitabilidade. Provavelmente, este é o resultado da “miscelânea pedagógica” ocorrida nos cursos de formação. Neste sentido, é preciso uma compreensão de que a formação visa a melhoria da qualidade da ação do educador, não apenas do seu discurso, quando apenas o discurso se altera, é sinal de deformação ou seja, a formação precisa ser revista.
O dia da minha formatura foi também o dia em que me submeteria a última etapa do exame para seleção de professores do SESI,já havia feito os testes escrito, e psicológico, faltando apenas o prático, que consistia na preparação e aplicação de uma aula simulada, fui aprovada, mas não pude assumir imediatamente,por conta de problemas de ordem pessoal, só vindo a fazê-lo um ano depois.
Fui trabalhar no subúrbio ferroviário, no bairro do Lobato. As informações que recebi sobre minha futura primeira turma,foram as seguintes: È chamada de “2ª” série, formada por alunos com idade bastante defasada, repetentes de outras escolas, e não lêem nem escreve,apresentam problemas de disciplina,já passaram por duas professoras, nesse ano (pediram demissão), e eu seria a terceira, estávamos no mês de Junho, segundo me disse a coordenadora ; “ era um desafio”.
A escola começava a levantar questionamentos acerca das propostas construtivistas, todos estavam ainda engatinhando e os conflitos internos eram enormes. Eu nunca tinha ouvido falar em Piaget ou Emília Ferreiro , e eles surgiram na minha vida como semi-deuses. Inicialmente usávamos os estudos da escola da Vila como referencial de trabalho construtivista, comíamos os textos, discutíamos entre nós, algumas lagrimas eram derramadas, principalmente quando a não compreensão da teoria, fazia com que a nossa prática fosse por água abaixo. Como a minha classe fugia a todos os padrões da instituição, e certamente os técnicos não conseguiam incluir meus alunos no modelo teórico construtivista, eu ficava mais livre que os outros professores para experimentar. Éramos vinte e seis seres, entregues nas mãos de Deus.
Trabalhávamos com um roteiro, que era feito e discutido semanalmente e que eu quase nunca conseguia seguir,pois a classe fugia de quase todos os padrões.
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