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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

DIÁRIO DE BORDO terceira parte: NAVEGANDO PELA VIDA


Meu momento mais feliz e mais triste foi quando conclui a  4ª série, pois precisei mudar de escola para cursar o ginásio.
No ano seguinte, como não encontraram vaga para mim na escola pública, fui matriculada pelo meu irmão mais velho  numa escola particular, ai, eu vivi o preconceito  : racial social religioso, e apesar de não possuir os livros que a escola pediu, de nem sempre ter dinheiro para o transporte, fui aprovada em todas as disciplinas exceto francês,que  por 0,5 fui  reprovada. Retornei para a escola pública, estudando à noite, comecei então a ensinar numa escolinha na comunidade, depois numa escola de assistência social aonde ensinava adultos analfabetos. Eram minhas tarefas:Alfabetizar, distribuir a merenda, limpar a sala, e vender uns docinhos que ficavam pendurados na janela da sala, percebendo 50% de um salário, por um dia de trabalho. Como a remuneração era muito pouca, tive que deixar o trabalho indo trabalhar como vendedora em uma boutique, um serviço muito puxado e sem disponibilidade de tempo para o estudo, o que me obrigou a interromper os estudos por mais de uma vez.
Quando me vi novamente numa sala de aula, estava no ICEIA (Instituto Central de Educação Isaías Alves), cursando o segundo ano de magistério à noite. No  ICEIA tive oportunidade de conhecer os melhores e mais humanos e  os piores e mais preconceituosos  modelos de educadores. Evidentemente que, não podemos esquecer que a época e o momento histórico exigiam um tipo de formação  que hoje é questionado em sua metodologia. Porém, dentro do possível  obtive ali o que hoje considero base para o desenvolvimento do meu pensamento crítico,  pois acredito que toda experiência é válida para o crescimento daquele que busca conhecer. Na medida em que as experiências positivas e negativas foram surgindo, pude ir construindo minha identidade profissional, pude seleccionar quais ascaracterísticas que queria  ou não para a minha vida profissional futura, ora questionando ora aceitando pressupostos teóricos que se me apresentavam, e noutros momentos identificando no meu fazer, os pressupostos teóricos que o sustentavam.
Inúmeros são os motivos que movem um sujeito a ingressar nos cursos de formação de professores, alguns têm a esperança de estar iniciando um processo de mudança num modelo educacional que não os satisfaz, outros tantos procuram uma profissionalização que lhe garanta o sustento, já outros buscam um curso que não lhes sejam exigidos muitos conhecimentos das ciências tidas como difíceis: matemática, física e química. Mas, o que  todos têm em comum  é a busca por uma formação, que dependendo da intencionalidade formadora e da  maneira como for  ministrada, poderá ter como resultado, para o primeiro grupo o fortalecimento teórico-prático da necessidade de mudanças nos modelos educacionais, com vistas ao tipo de homem que se quer para a sociedade futura  (presente), pode-se  ainda modificar a visão dos dois outros grupos, tornando-os reais profissionais da educação, com possibilidades de sustentar-se pelo seu trabalho ao tempo em que o desenvolve com competência, consciência  e busca constante de novas aprendizagens, ora, atuando como aprendente, ora atuando como ensinante. Poderá ainda reforçar o modelo  existente, frustrando aqueles que, inconformados anseiam por  um novo modelo de educação, validando as ideias dos que buscam apenas uma colocação e as “facilidades” profissionais. Neste sentido, foi-me oportunizado  estar em contato com os diversos tipos de “futuros professores”, e por incrível que pareça, para um ambiente com uma única proposta de ensino, obtivemos orientações de diversas maneiras de pensar a educação. Havia os professores inconformados e sedentos por mudanças, os acomodados, que deixavam transparecer nas suas ações, um desejo por manter o distanciamento teórico-prático.

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