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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

TARDE DE AUTOGRÁFOS





LIVRO DE POESIAS























OFICINA: QUANTO MOVIMENTO


TEXTO 1




                                                                 José Paulo Paes


O sapo saltou na sopa
de um sujeito que, sem mais papo,
deu-lhe um sopapo e gritou:
Opa!
Não tomo sopa de sapo!



TEXTO 2 

Roseana Murray

Um pião se equilibra
na palma da mão,
no chão, na calçada,
e alado vai rodando
por cima dos telhados,
gira entre as nuvens,
cada vez mais alto,
até que num salto
alcança a lua
e rola
até o seu lado oculto.
Faz a curva o pião
e ruma para Saturno,
tropeça nos anéis,
dá três cambalhotas,
se pendura
numa estrela cadente
e, sem graça,
volta para a palma da mão
 TEXTO 3
Elias José
Maroca: a vovó cocota


Vovó Maroca
toda cocota
toda vaidade
setenta anos
é mais pra frente
que muita gente
de pouca idade.

Vovó Maroca
se é calor
apanha a tanga
pega a motoca
vai pegar cor.

Vovó Maroca
se vai a festa
não se definha
não perde a linha
e ainda testa
o que é novidade
pra mocidade.

Vovó Maroca
se apruma
e se arruma
é um modelo
frente ao espelho.
Só “jeans” azuis
bata estampada
pouca pintura
e nada de tintura
no seu cabelo.

Vovó Maroca
não tem segredo.
E se há problema
só há um lema:
não ter medo
e enfrentar a vida
de cabeça erguida.

TEXTO 4

Manoel Bandeira
Trem de ferro

Café com pão
Café com pão
Café com pão

Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)
Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)

Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)


Produto: dramatização  coreografada da poesia 

 






OFICINA QUANTOS BICHOS. VINICIUS DE MORAES

TEXTO 1

As Abelhas

A abelha-mestra
E as abelhinhas
Estão todas prontinhas
Para ir para a festa
Num zune-que-zune
Lá vão pro jardim
Brincar com a cravina
Valsar com o jasmim
Da rosa pro cravo
Do cravo pra rosa
Da rosa pro favo
E de volta pra rosa
Venham ver como dão mel
As abelhas do céu
Venham ver como dão mel
As abelhas do céu
A abelha-rainha
Está sempre cansada
Engorda a pancinha
E não faz mais nada
Num zune-que-zune
Lá vão pro jardim
Brincar com a cravina
Valsar com o jasmin
Da rosa pro cravo
Do cravo pra rosa
Da rosa pro favo
E de volta pra rosa
Venham ver como dão mel
As abelhas do céu
Venham ver como dão mel
As abelhas do céu

TEXTO 2

O Peru

Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!
O peru foi a passeio
Pensando que era pavão
Tico-tico riu-se tanto
Que morreu de congestão
O peru dança de roda
Numa roda de carvão
Quando acaba fica tonto
De quase cair no chão
O peru se viu um dia
Nas águas do ribeirão
Foi-se olhando, foi dizendo
Que beleza de pavão
Foi dormir e teve um sonho
Logo que o sol se escondeu
Que sua cauda tinha cores
Como a desse amigo seu

TEXTO 3 

O Pingüim

Bom dia, pingüim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca
Quando você caminha
Parece o Chacrinha
Lelé da caixola
E um velho senhor
Que foi meu professor
No meu tempo de escola
Pingüim, meu amigo
Não zangue comigo
Nem perca a estribeira
Não pergunte por quê
Mas todos põem você
Em cima da geladeira

TEXTO 4 

O leão

Leão! Leão! Leão!
Rugindo como um trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda
Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
O salto do tigre é rápido
Como o raio, mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o leão dá
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte
Pois bem, se ele vê o leão
Foge como um furacão
Leão! Leão! Leão!
Es o rei da criação
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não
Leão se esgueirando à espera
Da passagem de outra fera
Vem um tigre, como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranqüilo
O leão fica olhando aquilo
Quando se cansam, o leão
Mata um com cada mão

TEXTO 5

O Gato

Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
Se num novelo
Fica enroscado
Ouriça o pêlo, mal-humorado
Um preguiçoso é o que ele é
E gosta muito de cafuné
Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando à noite vem a fadiga
Toma seu banho
Passando a língua pela barriga

TEXTO 6 

O Pintinho

Pintinho novo
Pintinho tonto
Não estás no ponto
Volta pro ovo
Eu não me calo
Falo de novo
Não banque o galo
Volta pro ovo
A tia raposa
Não marca touca
Tá só te olhando
Com água na boca
E se ligeiro você escapar
Tem um granjeiro
Que vai te adotar
O meu ovo está estreitinho
Já me sinto um galetinho
Já posso sair sozinho
Eu já sou dono de mim
Vou ciscar pela cidade
Grão-de-bico em quantidade
Muito milho e liberdade
Por fim
Pintinho raro
Pintinho novo
Tá tudo caro
Volta pro ovo
E o tempo inteiro
Terás pintinho
Um cozinheiro
No teu caminho
Por isso eu digo
E falo de novo
Pintinho amigo
Então volta pro ovo
Se de repente você escapar
Num forno quente você vai parar
Gosto muito dessa vida
Ensopada ou cozida
Até assada é divertida
Com salada e aipim
Tudo lindo, a vida é bela
Mesmo sendo à cabidela
Pois será numa panela
Meu fim
Por isso eu digo
E falo de novo
Pintinho amigo
Então volta pro ovo
E se ligeiro você escapar
Tem um granjeiro
Que vai te adotar

TEXTO 7

A Pulga

Um, dois, três
Quatro, cinco, seis
Com mais um pulinho
Estou na perna do freguês
Um, dois, três
Quatro, cinco, seis
Com mais uma mordidinha
Coitadinho do freguês
Um, dois, três
Quatro, cinco, seis
Tô de barriguinha cheia
Tchau
Good bye
Auf Wiedersehe


Produto   final: Apresentação musical

OFICINA: COM VERSOS E RIMAS

1º TEXTO. 
PARLENDA

Hoje é domingo
pé de cachimbo
o cachimbo é de barro
bate no jarro
o jarro é de ouro
bate no touro
o touro é valente
bate na gente
a gente é fraco
cai no buraco
buraco é fundo
acabou-se o mundo.

2º texto    
A Barata
A barata diz que tem
Sete saias de filó.
É mentira da barata
Ela tem é uma só.
Ha! Ha! Ho-Ho-Ho!
Ela tem é uma só!
A barata diz que tem
Um anel de formatura.
É mentira da barata
Ela tem é casca dura.
Ha! Ha! Ho-Ho-Ho!
Ela tem é casca dura!
A barata diz que tem
Uma cama de marfim.
É mentira da barata
Ela dorme é no capim.
Ha! Ha! Ho-Ho-Ho!
Ela dorme é no capim!
A barata diz que tem
Um sapato de fivela.
É mentira da barata
O sapato é da mãe dela.
Ha! Ha! Ho-Ho-Ho!
O sapato é da mãe dela!
A barata diz que tem
O cabelo cacheado.
É mentira da barata
Ela tem coco raspado.
Ha! Ha! Ho-Ho-Ho!
Ela tem coco raspado!

3º texto

Cantiga

Eu morava na areia,
Sereia
Me mudei para o sertão,
Sereia
Aprendi a namorar,
Sereia
Com aperto de mão,
Oh Sereiá.

Cajueiro pequenino.
Carregadinho de flor.
Eu também sou pequenino.
Carregadinho de amor.

Lá vem a lua saindo.
Por de trás de um pé de flor.
Não é lua não é nada.
É um beijo de amor

Menina de lá de dentro.
Me dá água pr´eu beber.
Não é sede não é nada.
É vontade de te ver.

OFICINA: QUANTA BELEZA

1º texto

Amor é um fogo que arde sem se ver

Amor é um fogo que arde sem se ver,
 É ferida que dói e não se sente;
 É um contentamento descontente;
 É dor que desatina sem doer.

 É um não querer mais que bem querer;
 É um andar solitário entre a gente;
 É nunca contentar-se de contente;
 É um cuidar que ganha em se perder


 É querer estar preso por vont
ade;
 É servir a quem vence, o venced
or;
 É ter com quem nos mata leald
ade.

 Mas como causar pode seu fav
or
 Nos corações humanos amiz
ade,
 Se tão contrário a si é o mesmo Am
or
?

 Luís Vaz de Camões


2º texto

 Carneirinhos


Todos querem ser pastores
quando encontram,
de manhã, os carneirinhos
enroladinhos,
como carretéis de lã.

Todos querem ser pastores,
e ter coroas de flores,
e um cajadinho na mão,
e tocar uma flautinha,
e soprar numa palhinha,
qualquer canção.

Todos querem ser cantores,
quando a estrela da manhã,
brilha só, no céu sombrio,
e pela margem do rio,
vão descendo os carneirinhos,
como carretéis de lã.

Texto de Cecília Meirelles ,  musicado por Xangai

3º texto

Lenda do Pégasos  

Era uma vez, vejam vocês, um passarinho feio
Que não sabia o que era, nem de onde veio
Então vivia, vivia a sonhar em ser o que não era
Voando, voando com as asas, asas da quimera
Sonhava ser uma gaivota porque ela é linda e todo mundo nota
E naquela de pretensão queria ser um gavião
E quando estava feliz, feliz, ser a misteriosa perdiz
E vejam, então, que vergonha quando quis ser a sagrada cegonha
E com a vontade esparsa sonhava ser uma linda garça
E num instante de desengano queria apenas ser um tucano
E foi aquele, aquele ti-ti-ti quando quis ser um colibri
Por isso lhe pisaram o calo e aí então cantou de galo
Sonhava com a casa de barro, a do joão-de-barro, e ficava triste
Tão triste assim como tu, querendo ser o sinistro urubu
E quando queria causar estorvo então imitava o sombrio corvo
E até hoje ainda se discute se é mesmo verdade que virou abutre
E quando já estava querendo aquela paz dos sabiás
Cansado de viver na sombra, voar, revoar feito a linda pomba
E ao sentir a falta de um grande carinho então cantava feito um canarinho
E assim o passarinho feio quis ser até pombo-correio
Aí então Deus chegou e disse: Pegue as mágoas
Pegue as mágoas e apague-as, tenha o orgulho das águias
Deus disse ainda: é tudo azul, e o passarinho feio
Virou o cavalo voador, esse tal de Pégaso

Música  de Morais Moreira, texto de   Joege Mauther 

3º texto

Menino do Rio


Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...
O Hawaí, seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Toma esta canção
Como um beijo...
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...
O Hawaí, seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...

Musica e letra de Caetano Veloso

4º texto

Convite
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.

Só que
bola, papagaio,pião
de tanto brincar
se gastam.

As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.

Como a água do rio
que é água sempre nova.

Como cada dia
que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?




José Paulo Paes

5º texto

A bailarina

— Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
— Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.
—– Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
—- Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

Cecília Meirelles


6º texto

Aquarela

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul
Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando,
é tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
e se a gente quiser ele vai pousar
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida,
depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolorirá)

Vinicius de Moraes




Produto final da oficina    Textos ilustrados e Recital para a comunidade escolar

PROJETO POESIA

Uma clareza que o professor precisa ter em relação aos empreendimentos, está relacionada com os objetivos das crianças (fazer) e o do Professor (fazer, ser e conhecer). Por isso cada etapa de um empreendimento precisa ser pensada com vistas à aprendizagem. (o que se quer ensinar). As crianças precisam entender que para “fazer”, é preciso “conhecer”.
Esse parêntese se deve ao fato de que o próximo projeto a ser relatado, foi de aprendizagem e ele surgiu a partir do pragmatismo das crianças. Com o objetivo de levar as crianças a apreciarem enquanto se apropriam das especificidades do texto poético, “O projeto poesias” teve inicio no segundo bimestre, utilizando as oficinas como metodologia de trabalho.